PARA SABER MAIS ... |
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Muitos lembram-se das criaturas mitológicas que são descritas numa das famosas histórias da Grécia antiga: Os 12 trabalhos de Hércules. Vários destes monstros tinham múltiplas cabeças e um deles, a Hidra de Lerna, tinha mesmo 9 cabeças! | |
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Mas este tipo de criaturas, que são também vulgares na ficção científica, ocorrem mesmo na natureza, embora a grande maioria sucumba pouco depois do nascimento, quando sobrevivem a este. Trata-se de uma malformação que é conhecida como bifurcação axial e que, tendo origem embrionária, é muito estudada na medicina que analisa a teratologia (do grego teratos = fera, monstro + logos = estudo). Embora raros, estão relatados casos de répteis com duas cabeças: serpentes, lagartos, crocodilos, tartarugas; e alguns conseguiram mesmo sobreviver alguns anos em cativeiro. Em Portugal também foram célebres alguns casos de animais com várias cabeças, incluindo mamíferos,, encontrados, como não poderia deixar de ser, na cidade do Entroncamento, célebre durante muito tempo, pelos seus «fenómenos naturais». |
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E se um vertebrado fóssil fosse encontrado com este tipo de anomalia? Pois, se as probabilidades de um vertebrado fossilizar são escassas, então que dizer para um vertebrado com duas cabeças? A probabilidade será ínfima! Poucos acreditariam que algum dia se descobrisse uma criatura Mesozóica com bifurcação axial. De facto, o animal foi descoberto na região de Wanfuotang, na Formação Yixian, na célebre província de Liaoning, China, em sedimentos do Cretácico inferior. A descrição do réptil, da autoria de Buffetaut e colegas, surgiu num artigo datado de Fevereiro de 2007, mas que só foi publicado em Novembro. Pelas dimensões muito reduzidas – o esqueleto praticamente completo tem apenas 7 cm de comprimento – é inferido que se trata de um embrião ou de uma cria muito jovem. |
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Vários exemplares de Hyphalosaurus, incluindo juvenis e adultos. Os coristoderanos deste género são relativamente comuns nos sedimentos do Cretácico inferior de Liaoning, Formação Yixian.
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Buffettaut et al. (2007) analisando o pequeno animal concluíram que se trata de um réptil coristoderano, que nos depósitos de Yixian está representado principalmente pela espécie Hyphalosaurus lingyuanensis. Verificaram também que vários indivíduos jovens desta espécie de Choristodira ocorrem nas mesmas camadas, que formavam o fundo de lagos. Ests répteis, provavelmente de habitats de água salgada, onde chegavam a alcançar 1 m de comprimento total. Outros exemplares da mesma espécie e com as mesmas dimensões foram também encontrados com este indivíduo, todos eles sem qualquer tipo de mal-formação. |
https://ueba.com.br/forum/index.php?act=Print&client=printer&f=19&t=24333 |
“O esqueleto exibe duas cabeças e dois pescoços com bifurcação ao nível da cintura peitoral. Trata-se da primeira ocorrência da malformação conhecida por bifurcação axial, que é bem conhecida nos répteis actuais” (Buffetaut et al. 2007). Estes investigadores não conseguiram apresentar pormenores sobre a vértebra onde se originam os dois pescoços, já que no fóssil esta região é muito frágil e os ossos estão bem compactados. Assim, seria possível estarmos perante mais um caso de falsificação de fósseis, que já ocorreu num passado bem recente, até em exemplares provenientes de Liaoning (Rowe et al. 2001, descrevendo a falsificação de Archaeoraptor). Buffetaut e colegas verificaram que não existe qualquer indício de sobreposição de eventuais dois animais que tivessem ficado preservados de forma sobreposta, um sobre o outro (e não se observa qualquer duplicação de outras partes do corpo, como caudas e membros). E concluíram também que não se observam quaisquer indícios de adulterações / falsificações, no exemplar que actualmente se encontra exposto no Museu Shenzhen, no sudoeste da China.
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https://www.telegraph.co.uk/news/main.jhtml?xml=/news/2006/12/20/ufossil120.xml |
Interpretação do pequeno exemplar com duas cabeças. |
O pequeno réptil não terá sobrevivido muito tempo, mesmo que não tenha nascido morto. E esta é uma característica observada na grande maioria dos casos modernos, já que os animais bicéfalos têm poucas probabilidades de sobrevivência (há pelo menos um caso relatado de uma tartaruga com duas cabeças que está em exposição, viva e bem viva, no Museu de História Natural de Geneve, Suiça, há já 10 anos). Indivíduos com duas cabeças apresentam dois cérebros, que funcionarão mais ou menos independentemente, tornando difícil uma sobrevivência longa. E há mesmo um relato mais dramático de uma cobra bicéfala em que uma das cabeças mordeu, matou e comeu a outra ... (Matz 2001). |
https://ueba.com.br/forum/index.php?act=Print&client=printer&f=19&t=24333 |
Em 2009 surgiu a notícia da descoberta de uma nova "espécie de cobra de duas cabeças" ou anfisbénio, provavelmente do género Leposternon, que oocorreu durante os trabalhos de escavações no Rio Grande do Sul, Brasil. De facto, estes animais não têm duas cabeças, mas os formatos das duas extremidades assemelham-se a cabeças e a locomoção dos animais envol,ve as duas extremidades, de modo que a cauda pode ser confundida com uma cabeça. |
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Muitas vezes, são as contaminações dos habitats que conduzem ao aparecimento deste tipo de deformações. Também em finais de 2009 e na Austrália. foram detectados centenas (ou milhares?) de embriões de peixes com duas cabeças. |
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